domingo, 17 de fevereiro de 2013

dreaming, indeed

I'm a screwed up human being que em dezoito anos de vida pouco alcançou, ou que ao menos assim o sente. Aqueles momentos em que uma gaja pensa que está condenada ao país que tem, aos pareceres da família que tem, aos amigos que deixa de ter e começa a dramatizar (e não está com o período). Vejo-me mais que fodida quanto terminar o meu curso, a iniciação no mesmo era repleta de esperanças de encontrar um part-time facilmente enquanto estudava para ser mais fácil o emigranço, encontrar utilidade nas cadeiras a estudar (que só me servem para esforçar para passar) e as cadeiras que estudaria por puro prazer de aprender seriam as que me mais facilmente me serviriam para viver debaixo da ponte porque seriam basicamente relacionadas com história, literatura, línguas e artes dramáticas.
O que é bacano é pelo menos conservar a ideia de que estarei apta para voar daqui para fora quando acabar a licenciatura e aterrar nas british lands e estudar teatro. O que é mais que bacano é ainda ter um sonho, mas as bases para esse não terem ainda nascido, e eu estar completamente consciente disso. Ora, se eu quero uma casinha, estudos e sustento noutro país preciso de dinheiro que não tenho e que a vida não me está relutante a dar. Os meus paizinhos nunca me deram tudo mas dão-me o essencial e alguns caprichos e estou-lhes grata por isso. Relativamente ao meu futuro isso já não deve nem deveria ser do seu consentimento, já sou crescidinha, com idade para trabalhar e ter a noção que tenho que fazer pela vida. Com propinas altíssimas a pagar cá em portugal não posso esperar que os meus pais me banquem uma viagem para fora e inclusive tudo o resto. A esta altura do campeonato já entreguei diversos currículos na minha zona e fora e nem uma resposta recebi. Não posso dizer que não me tenha esforçado, eu quero, tenho disponibilidade, tenho o perfil, mas o silêncio perdura como resposta para mim e para o povo português que procura trabalho. Se o país não espera que sejam os mais velhos, com família a sustentar, a arranjar trabalho porque já estão muito velhos para o perfil requerido (vontade não lhes falta), porventura pensaremos que aos jovens darão oportunidades. Aos jovens, que são os filhos dos tão esforçosos pais, que são o futuro da nação, que estão em melhor aptidão física, criatividade e nível de energia e mesmo a estes é-lhes negada a oportunidade com desculpas esfarrapadas como: não tem experiência, não têm qualificações sem ser o 12º ano (se os jovens têm de começar por algum lado obviamente sem experiência como é que assim começarão? E como é que nos casos em que os filhos se sacrificam para trabalhar para ajudar os pais e são também recusados conseguem sobreviver?) Estamos no patamar que não basta lutar até saber perder, só dá lutando até a batalha estar ganha. E eu sinto-me esmagada, diminuída por estas recusas que me impedem de construir a minha vida. Continua a haver coisas piores, but still...
Este ano no mínimo vou tentar ocupar-me com as pequenas coisas que perpetuam o meu estado feliz: bons livros, bons filmes e a fofa da imaginação a funcionar. Vou escrever para não mais desabar, tem de ser, e viajar nem que seja através do que leio pois nada está totalmente perdido, só estará totalmente num sono infinito.

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