A vida é como um livro. Somos um livro que nem todos podem
ler, e o mais sábio dos livros seríamos se nos conseguíssemos auto-compreender. Como na leitura de um livro, para manteres a lucidez, por vezes tens de te relembrar de como foste, de como és e de como serás nas páginas seguintes. Somos senhores de palavras impossíveis de apagar mas fáceis de deixar uma cópia
nos outros. Nascemos como quando o livro nasce, impressão e o encadernamento,
somos categorizados e exalamos vida e curiosidade. Crescemos sendo comparados a
outros, e a sucessores, e a continuações de gerações.
Absorvemos a dor e a mágoa de quem connosco convive.
Modelamos sentimentos conforme respondemos ou não ao que as pessoas anseiam de
nós, como um livro que lemos quando esperamos que o conto se desenrole como o
planeado na nossa cabeça, mas por vezes não é assim. Como um livro, somos
imprevisíveis e chocamos, crescemos e deixamos a história morrer e voltar a
viver dependendo com quem nos relacionamos.
Temos páginas marcantes da vida que os falsos naturalmente
desistirão de ler. A uma dada altura seremos deixados por nossa conta, e o pó
atrasar-nos-á o manuseamento. A dada altura morremos quando deixamos de ter
leitores, quando deixamos de partilhar o nosso conteúdo ou quando somos tão
maus e desvalorizados que ninguém se importa connosco desiste de nos acompanhar. Fechamo-nos. Fechamo-nos porque já vivemos tudo e já demos às
pessoas da nossa vida tudo o que tivemos a dar.
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